MORADIA @ BANDUNG – INDONÉSIA

Casa 4x6x6

Cada vez mais me apercebo de uma premente realidade quando se projecta uma habitação. Há sempre duas perguntas na cabeça de 90% das pessoas (infelizmente nao apenas de clientes, mas também de muitos colegas): “Qual a área máxima de implantação?” e “Qual o número de pisos máximo possível”. E com isto, começa a eterna batalha de tentar enfiar o Rossio na rua da Betesga, muitas vezes com divisões com áreas completamente absurdas, sem nunca haver uma real preocupação com o que realmente importa: As reais necessidades de quem irá habitar a casa e a harmonia e criação de um espaço que seja realmente prático e confortável de ser vivido.

Isto faz com que comecem eternas batalhas com algumas câmaras tentando andar sempre no limite do permitido, mas pior, muitas vezes resulta em valentes trambolhos, que ocupam espaço apenas porque sim.

É nestes pontos onde a arquitectura asiátia me fascina, conseguindo grande parte das vezes fazer muito com pouco. Está enraizado culturalmente o “estritamente necessário”, vivendo-se com muito “pouco” (e não se está a falar de um ponto de vista económico, mas sim de prioridades no que toca a bens materiais).

E na altura em que se vive, viaja-se através do computador, voltando a trazer assim um projecto além fronteiras.

Deparei-me com este projecto, de uma simples moradia de 3 pisos, com 24m² de implantação, e uma área útil de 45m², algo aparentemente irreal. Mas não é, no entanto, suficiente?

Uma casa em espaço único, onde as diferentes zonas se separam por pisos e pontos de vista. Uma construção simples, de paredes brancas e chão e tectos em cimento, onde se mantém apenas o necessário, com calhas técnicas brancas (para passar electricidade) a pontuar o tecto em betão.
Uma casa que em teoria se mostraria fria e básica, mas que se revela confortável, extremamente bem pensada e “humana”.  A falsa simplicidade revela-se na complexidade de projectar uma casa de 3 pisos recorrendo exclusivamente a 4 paredes (5 se contarmos com a casa de banho estratégicamente escondida no canto do piso 0, fora do volume principal).

@ ArchDaily

projecto @ dua studio

Fotos @ William Sutanto, Jonathan Aditya Gahari

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